RIO - O mau cheiro continuou incomodando neste domingo os vizinhos da Lagoa da
Tijuca, na Barra, de onde já foram retirados milhares de peixes mortos desde a
semana passada. Durante o fim de semana, os moradores
ficaram preocupados porque, além da mortandade, as águas da lagoa pareciam mais
escuras do que o normal e as manchas de esgoto na lâmina d’água estavam mais
visíveis. Segundo o biólogo Mário Moscatelli, neste domingo mais peixes em
decomposição apareceram e foram recolhidos. Ele estimou que, de quarta até
sexta-feira, pelo menos 2,5 toneladas de animais mortos foram retiradas da
lagoa. E o cheiro ruim pode ter piorado devido ao dia ensolarado que fez ontem.
Além da lagoa malcheirosa, Luci Augusta de Carvalho, presidente da
Associação de Moradores da Orla da Lagoa da Tijuca, afirma que a poluição que
provoca a morte de peixes também tem trazido outros transtornos a quem vive na
região. Problemas que, de acordo com ela, não se restringem apenas a períodos
de mortandade.
— A Lagoa da Tijuca é uma vergonha. Em vários trechos, praticamente não
há mais lâmina d’água, de tão assoreada que ela está. Há verdadeiras ilhas de
lama. E, quando os barcos passam, é comum o lixo ficar agarrado no motor. Além
do cheiro muito forte, com a poluição, aparecem muitos mosquitos. São
necessárias medidas urgentes aqui, como a dragagem da lagoa — afirmou Luci.
Nesta segunda-feira, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vai enviar
técnicos à região para avaliar as causas da mortandade. De acordo com
Moscatelli, no entanto, o motivo seria a combinação de vento forte e a ressaca
na semana passada, que revolveu o fundo das lagoas, liberando gases nocivos
provenientes do esgoto. Um problema que, afirma ele, se repetirá enquanto não
for equacionada a poluição no sistema lagunar da Barra e de Jacarepaguá, que
recebe, em suas estimativas, cinco mil litros de esgoto in natura por segundo.
— Nos últimos anos, houve investimentos em saneamento na região, mas que
não têm surtido o efeito desejado. A prometida dragagem das lagoas não começou.
Apenas uma estação de tratamento de rio foi instalada até agora e, mesmo em
áreas com sistema de esgoto, ainda há ligações clandestinas nas redes pluviais
— diz Moscatelli.
Fonte: Oglobo.com
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