Revista Encontros Edição 112

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Perereca de vidro pesquisada no AM chama atenção pela transparência


Espécie foi encontrada em 2002 em Presidente Figueiredo, AM.
Anfíbio pode chegar até 24 mm e tem órgãos internos visíveis.
Com apenas 24 milímetros de comprimento quando adulto, a Hyalinobatrachium iaspidiense, popularmente conhecida como ‘perereca de vidro’, vem chamando a atenção de pesquisadores no Amazonas, principalmente devido à sua transparência. A espécie foi descoberta por pesquisadores durante levantamentos noturnos na área da Cachoeira da Onça em Presidente Figueiredo, município do Amazonas, distante 170 km de Manaus, no ano de 2002.
De dorso verde-claro com pontos negros, ventre transparente, íris verde-amarelada e falange terminal dos dedos em forma de ‘T’, a perereca de vidro ainda é pouco conhecida no meio científico. “O homem não olha para os anfíbios com um olhar importante. Muitas vezes acha que os anfíbios são nojentos e que não servem para nada, mas, na verdade, está enganado. Os anfíbios tem grande importância no equilíbrio do meio ambiente”, afirmou Marcelo Lima, biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
O biólogo informou que a perereca de vidro tem importante função no equílibrio ambiental, já que ela é presa das cobras. Com um possível desaparecimento da espécie, faz com que os seus predadores também corram risco de extinção. “Não tem como precisar se ela corre risco de extinção ou não. Contudo, pode-se afirmar que atitudes como a remoção de mata ciliar deixam a espécie mais vulnerável, pois ela é sensível às modificações ambientais e não pode ficar muito tempo exposta ao sol, correndo o risco de ter a pele ressecada e morrer”, explicou o biólogo.
Considerada uma espécie voltada para o período noturno, a perereca de vidro se alimenta de invertebrados, principalmente insetos, e tem como predadores as aranhas e serpentes, além do próprio homem, que a extingue sem se dar conta, segundo Marcelo Lima. Sobre o modo de reprodução, o pesquisador explica que todas as espécies de perereca de vidro conhecidas desovam sobre folhas acima da água.
“Em média, as fêmeas depositam cerca de vinte ovos no período chuvoso, entre dezembro e maio. Os ovos se desenvolvem por alguns dias ali. Depois, os girinos rompem a cápsula do ovo, caem na água e permanecem até completarem o desenvolvimento”, afirmou o biólogo, que ainda disse ser desconhecido o tempo de desenvolvimento do animal.

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