Foto: Crescimento urbano de Itaboraí poderá gerar reflexos no clima local (Foto: Roberto Moreira) |
A chegada de empreendimentos imobiliários em geral em Itaboraí, muito por conta da implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), faz com que áreas verdes da cidade, ou que poderiam se transformar em locais arborizados, percam a vez e transforma, dia após dia, a cidade em um céu de concreto. Aliado a isso, ainda tem a circulação de mais veículos particulares e públicos, por conta da demanda por deslocamento da população. A conseqüência disso é, a médio prazo, a criação de ilhas de calor. Já a longo prazo, essa situação pode se agravar e fazer com quem todo o município tenha a sensação térmica mais elevada, já que não haverá pontos de equilíbrio de temperatura, como parques nos moldes do Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo.
Para o ambientalista Gerard Sardo, não só Itaboraí terá o clima impactado, mas como toda a região.
“Evidentemente que o Comperj tem seu aspecto legal, mas vão surgir, além dos condomínios, as ocupações irregulares, não só Itaboraí, mas nas cidades do entorno. Os impactos gerados no meio ambiente vão ser visíveis: vegetação derrubada por ocupação legal ou ilegal, nascentes dos rios assoreadas e derramamento de esgoto nos rios. Tudo isso vai gerar emissão de gases poluentes e vão criar as ilhas de calor. É uma cadeia muito grande de reflexos”, avaliou o ambientalista.
Para se ter uma ideia de como o clima na cidade pode mudar, Gerard Sardo fez uma comparação entre Niterói e Itaboraí.
“Quanto mais áreas de concreto e cimento, você terá mais concentração de energia do sol. O microclima da região vai ser elevado e se derruba mata e impermeabiliza o solo vai aumentar a temperatura. No futuro, todo o município pode ser afetado. Em Niterói, a diferença de temperatura de Icaraí (concretado) para São Francisco (arborizado) varia de 6 graus para 7 graus. Então, se você avaliar nesse aspecto, dá para se ter uma noção do que pode acontecer. Levando em consideração que são situações diferentes, já que Itaboraí tem áreas mais planas, diferente de Niterói, que é dividida por vales”, explicou Gerard Sardo.
Segundo o meteorologista e doutor em Ciência Atmosférica do departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Luiz Fernandes de Oliveira, as especulações sobre mudanças do meio ambiente acontecem sempre e há alterações no cenário, fazendo com que a região absorva mais energia.
“Consequentemente vai alterar a temperatura do local, modificar o microclima. É como se gerasse um novo microclima artificial em função da alteração da superfície. A vegetação natural tem capacidade de atenuar o aquecimento do solo”, considera o meteorologista, que faz uma ressalva. “As pessoas usam alguns modelos numéricos para prever como vai ser o clima. Só que isso é muito incerto. Projeções são projeções, pode ser mais ou menos de dois, não há certeza”.
De acordo com o professor Jorge Luiz, mesmo que o trabalho seja considerado de ‘formiguinha’, há possibilidades de se reverter essa situação com pequenas ações.
“O fato é que a temperatura vai aumentar não se sabe para quanto. As superfícies mais claras refletem mais a luz solar e, consequentemente, aquecem menos. E as escuras, como asfalto, absorvem muita energia e elevam a temperatura do ar. O grande problema dos centros urbanos é em função da retirada vegetal para colocar asfalto e concreto. Se você faz plantação de árvore, gramas, arborização, ameniza o impacto. Um exemplo claro é a diferença de temperatura no verão da Avenida Presidente Vargas (muito quente) e do Campo de Santana (clima ameno), ambos no mesmo lugar do centro do Rio.Tem que arborizar o máximo possível”.
As construtoras Rossi e PDG, que estão erguendo empreendimentos imobiliários em Itaboraí, afirmaram que o paisagismo não será implantado em seus projetos na cidade.
Fonte: São Gonçalo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário