Pesquisas
revelam que a metformina, usado contra a diabetes tipo dois, pode inibir o
tumor de mama, que segundo o INCA, é a doença que mais mata mulheres
brasileiras
Uma sequência de
testes e estudos revelou o que pode ser uma nova esperança de tratamento na
luta contra o câncer: pesquisadores descobriram que a metformina, remédio
comumente indicado para tratar pessoas com diabetes tipo 2, pode ter
propriedades anticancerígenas e inibir o tumor de mama, doença que, segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais mata mulheres no Brasil. O estudo,
conduzido por pesquisadores americanos, foi publicado na edição de julho do
periódico Journal of Clinical Oncology.
A metformina é um
medicamento de baixo custo usado há anos no tratamento do diabetes para minimizar
a ocorrência de complicações e reduzir os níveis de colesterol ruim (LDL) e
triglicérides (TG). Pesquisas recentes já haviam demonstrado que a droga
poderia ter ação antitumoral, ao constatar que pacientes que faziam uso da
metformina para controlar o diabetes apresentavam menor risco de desenvolver
câncer e morrer da doença. “Na verdade, em estudos experimentais, níveis
elevados de glicose e insulina (condição que caracteriza os casos de diabetes
resistentes à insulina) estão associados ao aumento do metabolismo e da divisão
celular, com redução da apoptose (morte celular programada), o que estimula o
crescimento de tumores de mama, pulmão e próstata. A metformina parece atuar de
duas formas: indiretamente, através da redução dos níveis de glicose no sangue
e insulina circulante, e também diretamente, a nível molecular, dentro das
células, inibindo uma das vias da carcinogênese”, explica o oncologista Claudio
Calazan, do Centro Oncológico de Niterói (CON).
Neste estudo, os
cientistas analisaram o surgimento de novos casos de câncer de mama em mais de
68 mil mulheres que já haviam passado pela menopausa, divididas em grupos de
portadoras ou não de diabetes. Acompanhadas ao longo de um ano, os
pesquisadores concluíram que mulheres que usavam a metformina para controlar o
diabetes tiveram risco 25% menor de desenvolver câncer de mama quando
comparadas a outras que não usavam o medicamento. Mesmo as mulheres diabéticas
que apresentaram a doença, ainda tiveram melhor prognóstico.
O mecanismo
completo de ação da metformina ainda não é totalmente esclarecido. Cientistas
acreditam que o medicamento atua evitando que uma série de substâncias químicas
estimulem as vias de sinalização intracelular, chamada via do mTOR, que é
responsável pela proliferação de células sadias e cancerosas no organismo.
“Ao contrário de
outras drogas para o tratamento do câncer, nas quais o custo financeiro é muito
elevado, a metformina é uma medicação de baixo custo e amplamente disponível. O
estudo também abre caminho para que outras drogas semelhantes possam ser
exploradas em um futuro próximo. Entretanto, essa pesquisa ainda não é
suficiente para mudar a prática clínica”, salienta Calazan.
Fonte: O Fluminense
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